Peças anatômicas impressas em 3D são usadas em aula de ultrassonografia do abdômen, facilitando a compreensão das imagens vistas nos exames
A tecnologia da impressão em 3D tem otimizado o ensino na Faculdade de Medicina da USP. Com o apoio da Disciplina de Telemedicina, a Disciplina de Gastroenterologia Clínica, sob a coordenação do professor titular Flair José Carrilho, foi a pioneira em empregar peças anatômicas impressas em 3D em uma de suas aulas teórico-práticas para graduandos do 4° ano. Intitulada “Estação”, a aula aborda os princípios de ultrassonografia do abdômen superior.
A “Estação” proporciona o primeiro contato dos alunos de Medicina com o aparelho de ultrassom. Durante a aula, eles utilizam o equipamento para fazer imagens do fígado, orientados por seus supervisores, e aprendem a reconhecer a diferença entre o fígado normal e as principais hepatopatias difusas e focais.
Como o aprendizado envolve muitos detalhes anatômicos, a compreensão dos alunos é facilitada pela comparação das imagens do ultrassom com as estruturas físicas impressas em 3D, obtidas a partir da adaptação de arquivos do Projeto Homem Virtual. Antes e durante a realização dos exames, os alunos podem manipular os modelos em 3D, que representam o fígado, a vesícula biliar, o rim direito e a vascularização do sistema portal.
As impressões em 3D auxiliam o entendimento da relação espacial entre órgãos maciços, vesícula biliar e vasos. “Há também maior compreensão da anatomia na formação da imagem do ultrassom na tela, ajudando o aluno a visualizar a relação do fígado com o rim direito, no lobo direito; e a identificar os vasos do sistema portal e hepático, no lobo esquerdo”, detalha a doutora Denise Paranaguá-Vezozzo, chefe do Setor de Imagem da Disciplina de Gastroenterologia Clínica. ”Vale ressaltar que as impressões em 3D permitem o reconhecimento dos pontos de secções, considerando que a ultrassonografia é um exame dinâmico e o estudo completo da anatomia hepática se baseia na composição de vários cortes (10 longitudinais e 5 transversais)” completa.
Para Suzane Kioko Ono, professora associada do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP, o recurso facilitou a capacitação prática de um procedimento que exige habilidade manual e de entendimento da formação de imagem em tela. “Os alunos ficam curiosos ao manusear a impressão em 3D, o que torna a atividade mais dinâmica, objetiva, didática, participativa e cooperativa”, avalia. A professora planeja novas impressões, em conjunto com a Disciplina de Telemedicina, incluindo a segmentação hepática, ramos portais e veias hepáticas, além do baço e arcabouço costal e diafragma.
“Como um novo recurso de apoio didático, as impressões em 3D, no contexto dessas aulas práticas, podem contribuir para que os futuros médicos aprendam mais facilmente a fazer diagnósticos precisos em exames de imagem”, afirma o professor Chao Lung Wen, chefe da Disciplina de Telemedicina da FMUSP.